boo-box

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Esclerose Múltipla e a Natação


A atividade física é uma forma de promover a saúde física e mental, desde que seja bem orientada e adaptada às nossas necessidades.

A Esclerose Múltipla é uma doença desmielinizante que afeta adultos jovens e que pode ocorrer sob forma de surtos, onde, neste período, os sintomas poderão estar exacerbados.

Os sintomas mais comuns são :
  • fraqueza,
  •  espasticidade, 
  • parestesia, 
  • dor, 
  • comprometimento de coordenação e equilíbrio,
  •  fadiga, 
  • disfunção vesical, 
  • alteração sexual 
  • e alteração visual.
A fadiga é um dos sintomas mais comuns e difícil de ser tratada; 75 a 95% dos pacientes relatam sensação de cansaço físico ou mental profundo, perda de energia ou sensação de exaustão.
É de fundamental importância que os pacientes mantenham uma atividade física habitual , a natação vem de encontro as necessidades do portador de Esclerose Múltipla, pois pode ter uma intesidade moderada e os impactos músculos esqueléticos  são menores doque em outras atividades dependendo do grau de comprometimento.
Deve-se valorizar as manifestações clínicas presentes e, mais importante, com adaptação específica e adquirida através de técnicas para a realização da atividade física com o intuito de reabilitação, e conservação de energia, prevenindo-se uma exacerbação dos sintomas e fadiga.



 Esclerose Múltipla e Reabilitação

Tratando-se de uma doença que potencialmente afeta várias funções neurológicas, a reabilitação para pacientes com Esclerose Múltipla, geralmente, é feita através de uma equipe multidisciplinar, constituída por: médico, fisioterapeuta (motora e respiratória), fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo,nutricionista, educador físico e assistente social.
Tendo  como seus objetivos:
  • manter ou aumentar as atividades funcionais, 
  • promover melhora na qualidade de vida; 
  • orientar e prevenir posturas viciosas e a utilização de órteses; 
  • estimular atividades físicas adaptadas 
  •  adaptações para facilitar as atividades de vida prática (cozinhar, lavar louça, dirigir, etc).

A escolha da técnica deverá ser sempre discutida com o paciente, valorizando-se as manifestações clínicas, tais como:
Fadiga:
 Os exercícios de relaxamento e alongamentos são mais indicados, sendo que exercícios aquáticos poderão trazer maiores benefícios;pois auxília no controle cardio respiratória e melhora do condicionamento físico geral.

Fraqueza:
Os exercícios de fortalecimento deverão ser realizados com cuidado para que o paciente não fatigue.
Parestesia e Dor: 
 Massagem,Eletroterapia, Crioterapia e Hidroterapia.
 Dependendo da intensidade da dor, os recursos que venham promover uma analgesia mais rápida, como a crioterapia e ou a aplicação do T.E.N.S, seriam mais indicados para atuar como método auxiliar na fisioterapia.
A massagem seria de total importância para analgesia, relaxamento e estimulação proprioceptiva (percepção do músculo e do movimento). A hidroterapia já atua com objetivo de analgesia e relaxamento;

Ataxia (movimentos involuntários):
 Fisioterapia,Hidroterapia e Esporte Adaptado. A fisioterapia e a hidroterapia atuam no controle do movimento, equilíbrio, coordenação e treino de marcha e, se necessário, a utilização de bengala ou andador, dependendo da dificuldade do paciente.
O esporte adaptado atua com o controle de movimento, concentração e ritmo;

Espasticidade:
 O aumento de tônus muscular deverá ser adequado com relaxamento, controle do movimento com poucas repetições de exercícios e sem resistência ou carga e alongamentos; tanto na fisioterapia como na hidroterapia.

Esclerose Múltipla e Temperatura
Dentre os fatores desencadeadores de surto desmielinizante, relaciona-se exposição a alta temperatura. São freqüentes relatos de aparecimento de sintomas neurológicos deficitários durante banhos quentes.

Hidroterapia e Esclerose Múltipla
A Hidroterapia é um dos recursos da fisioterapia muito utilizado em pacientes neurológicos, a qual atua com os princípios físicos e hidrodinâmicos da água, a fim de facilitar, relaxar e aliviar sintomas como dor, espasticidade e espasmos, paralisias e parestesias, incoordenação e distúrbio de equilíbrio.
A piscina poderá ser adaptada ou não, mas recomenda-se que tenha: piso anti-derrapante, borda revestida de borracha, profundidade em nível proporcional ao tamanho do paciente e temperatura entre 28° e 31° C.
Os métodos utilizados deverão ser bem selecionados e, se necessário, poderão ser adaptados dependendo das dificuldades do paciente. Os mais utilizados são os relaxamentos aquáticos. O tempo de cada sessão dependerá a programação e da temperatura da água, mas não deverá ultrapassar de 1 hora/sessão.
A terapia deverá ser conduzida por profissionais habilitados para as técnicas aquáticas, seguida de avaliações clínicas e fisioterapêuticas constantes e respeitando as queixas de fadiga e dor do paciente.
Dentre as condições que contra-indicam a realização de hidroterapia destacam-se: infecção urinária, infecção dermatológica, incontinência urinária e ou fecal, paciente em surto ou pós-surto de desmielinização no sistema nervoso central.

Benefícios da  Àgua:
• A água favorece liberdade de movimento, alívio de dor e de peso, devido à flutuação.
• A turbulência da água aumenta a percepção sensorial, favorecendo o equilíbrio, a coordenação e a marcha.
• A pressão hidrostática favorece o retorno venoso, melhorando a circulação e também mantendo a capacidade respiratória.
• A resistência da água ajuda no controle de movimentos involuntários.
• O calor da água alivia a dor e favorece o relaxamento.
• Os efeitos psicológicos que a água proporciona são: melhora da auto-estima, motivação, criatividade, imagem corporal e integração social.

Natação:  
A natação é indicada para todos os pacientes, mas deverá ser orientada por um profissional que conheça os principais sintomas e dificuldades de seu aluno, e que este profissional saiba adaptar a aula, se necessário.
A temperatura da piscina não deverá ultrapassar os 28° C.
O tempo poderá ser determinado pelo professor dependendo da fadiga do aluno.
A competição deverá ser indicada para pacientes que não tenham fadiga.
Hidroginástica: A hidroginástica deverá ser de baixo impacto e com intervalos de descanso entre um exercício e outro, acompanhada por um profissional que tenha orientação de um fisioterapeuta.
A indicação é para pacientes que tenham coordenação e equilíbrio.
A temperatura da piscina não deverá ultrapassar os 30° C.
O tempo poderá ser de até 45 minutos, com relaxamentos no final da aula.

Relaxamento Aquático
Dentre as técnicas aplicadas, destacam-se:
Watsu: é o Shiatsu adaptado à água, onde o paciente é levado a um relaxamento com alongamentos e movimentos suaves no colo do terapeuta, com temperatura da água de aproximadamente 36° C. Para pacientes com Esclerose Múltipla, a terapia deverá estar com temperatura de no máximo 32° C e com tempo de sessão diminuído.
Ai – Chi: é a combinação de Tai-Chi e do Qigong. O Ai-Chi trabalha o alongamento e relaxamento progressivo do corpo, integrando mente, corpo e a energia espiritual. Indicado para melhora da coordenação, equilíbrio e postura. Pode ser aplicado em grupos ou individualmente. A temperatura da água deverá estar por volta de 30° C e deverão ser utilizados os movimentos mais básicos no início, para poder evoluir lentamente e com cuidado em relação à fadiga.

Atividades que deveriam ser evitadas
Musculação:
 Atividades com pesos levam à fadiga mais rapidamente, piorando ou levando à fadiga os pacientes que não tenham o sintoma.
Corrida:
A corrida poderá levar à fadiga, mas se o paciente não tiver o sintoma nem perda de equilíbrio, este, então, deverá ser sempre acompanhado e orientado por um fisioterapeuta.
Aulas de Alto Impacto
fora da água ou dentro da água: Deverão ser evitadas pela fadiga e elevação da temperatura corporal, também para prevenir desequilíbrios bruscos.
Imersão em piscina ou tanques com água com temperatura acima de 32° C.

Mitos frequentes sobre a esclerose múltipla
Mito: Não existe cura para a EM, por isso não há nada a fazer.

Fatos: 
  • Embora seja verdade que não existe cura para a EM, hoje em dia existem terapêuticas disponíveis para ajudar a controlar a EM e os sintomas associados à doença.  
  • As terapêuticas para tratar a EM são conhecidas como terapêuticas modificadoras da doença ou DMT (disease-modifying therapies).
Mito: Nunca mais serei capaz de voltar a trabalhar ou realizar as tarefas do dia-a-dia
Fatos:
  •  A maior parte dos doentes com EM consegue encontrar formas de impedir que a EM condicione aquilo que podem fazer ou não. 
  • A maioria continua a ser capaz de fazer as mesmas actividades de sempre e de executar as tarefas diárias. 
  • Claro que os efeitos da EM são diferentes para cada doente e o seu curso pode ser imprevisível.
  •  No entanto, se for uma pessoa proactiva, optimista e empenhada em enfrentar a sua doença.
Mito: Mais cedo ou mais tarde irei ficar com um grau de incapacidade elevado.

Fatos:
  • A EM é uma doença com tratamento, e a maioria dos doentes consegue controlá-la com recurso à terapêutica.
  •  Atualmente, existem muitas terapêuticas modificadoras da doença com ação comprovada no abrandamento da progressão da doença e na redução dos surtos. 
  • E provou-se que algumas terapêuticas atrasam a progressão da incapacidade e a necessidade de auxiliares de marcha em doentes com EM.
  •  É importante iniciar a terapêutica numa etapa precoce da doença e segui-la regularmente.
Mito: As terapêuticas de EM são todas iguais.
Fatos:
  •  Atualmente, existem várias terapêuticas disponíveis para a EM. 
  • A boa nova é que existe possibilidade de escolha, pelo que pode pesar as vantagens e desvantagens de cada uma das terapêuticas em conjunto com o seu médico, de forma a decidir qual delas satisfaz melhor as suas necessidades a longo prazo. I
  • nvestigue um pouco, determine as diferenças e não se esqueça de falar com o seu médico.
Mito: Como a EM pode ter uma progressão lenta, não é necessário que comece já a tomar a medicação.
Fatos:
  •  Os especialistas são unânimes em considerar que escolher e iniciar a terapêutica o mais cedo possível pode fazer uma grande diferença. 
  • A investigação mostra que algumas lesões da EM são irreversíveis, pelo que a sua identificação e tratamento na fase mais precoce possível é a melhor forma de atrasar a progressão da doença e reduzir o número de surtos e ataques. 
  • Apenas o doente, em conjunto com o médico, pode decidir qual a terapêutica mais adequada e qual o momento certo para a iniciar. 
  • No entanto, as investigações demonstram que, quanto mais cedo for iniciada a terapêutica, melhores são as perspectivas do doente.
Mito: Tenho EM, por isso os meus filhos também irão ter a doença.
Fatos:
  •  A EM não pertence à classe das doenças hereditárias, o que significa que a transmissão da doença aos seus filhos não é automática. 
  • No entanto, existem estudos que sugerem que os filhos de pais com EM têm uma maior probabilidade de desenvolver a doença. 
  • Se está grávida ou a pensar constituir família, fale com o seu médico, enfermeiros ou equipe médica. 
Mito: A ocorrência de um surto significa que a medicação não está a funcionar.
Fatos:
  • A EM é uma doença imprevisível, e os seus efeitos variam de doente para doente. Nalguns casos, os doentes não têm ataques ou surtos, enquanto noutros, estes poderão ocorrer de quando em quando. 
  • A melhor forma de seguir a sua EM e avaliar se o plano de tratamento está a funcionar é fazer exames regulares, como a ressonância magnética, e falar com o seu médico.
Mito: A EM é uma doença fatal.
Fatos:
  • Se analisarmos as estatísticas, a esperança de vida dos doentes com EM é sensivelmente igual à da população em geral. 
  • De fato, os doentes com EM têm os mesmos riscos da população geral em relação a cancro, doenças cardíacas e enfarte. A causa de morte dos doentes com EM raramente é apenas a EM.
  • Embora existam formas de EM que progridem rapidamente e que podem encurtar a vida do doente, tratam-se de formas raras da doença. 
  • Existem outras complicações como infecções e depressão grave que podem causar problemas, especialmente se não forem tratadas. 
  • No entanto, em termos gerais, os doentes vivem longas vidas, apesar da EM.
Mito: A minha EM foi desencadeada por uma infecção.
Fatos:
  • Apesar de estar identificada há mais de 150 anos, a EM continua a ser uma doença algo misteriosa.
  • A sua causa não é conhecida, embora existam vários fatores que parecem poder desempenhar um papel no seu aparecimento. 
  • Estes incluem a raça, etnia, factores genéticos e fatores ambientais. 
  • As mulheres têm maior probabilidade de desenvolver EM, tal como as populações com ascendência norte-europeia.
  • Alguns estudos sugerem que existem vírus, por exemplo, a papeira, o herpes e a varicela, que poderão contribuir para o desenvolvimento da EM, mas ainda não foi estabelecida uma ligação conclusiva a uma causa viral.


Fonte: AquaBrasil
Material elaborado pela equipe de Fisioterapeutas e Médicos do Setor de Doenças Neuromusculares UNIFESP-EPM
 1. Isaksson A-K, Ashlström G. From symptom to diagnosis: illness experiences of multiple sclerosis patients. J Neurosci Nurs. 2006;38:229-237.
2. Healthy living with multiple sclerosis. Web Site da National Multiple Sclerosis Society. http://nmss.org/living-with-multiple-sclerosis/healthy-living/index.aspx. Acedido a 11 de Fevereiro de 2011.
3. Heesen C, Shäffler N, Kasper J, Mühlhauser I, Köpke S. Suspected multiple sclerosis: What to do? Evaluation of a patient information leaflet. Mult Scler. 2009;15:1103-1112.
4. Lövblad K-O, Anzalone N, Döfler A, et al. MR imaging in multiple sclerosis: review and recommendations for current practice. Am J Neuroradiol. 2010;31:983-989.
5. National Clinical Advisory Board of the National Multiple Sclerosis Society: Treatment Recommendations for Physicians. Expert Opinion Paper: Disease management consensus statement. National Multiple Sclerosis Society: Nova Iorque, NY; 2007.
6. Who gets Multiple Sclerosis? Web Site da National Multiple Sclerosis Society. http://www.nationalmssociety.org/about-multiple-sclerosis/what-we-know-about-ms/who-gets-ms/index.aspx. Acedido a 11 de Fevereiro de 2011.
7. Dangond F. Multiple sclerosis. Web site da Medscape. http://emedicine.medscape.com/article/1146199-overview. Acedido a 11 de Fevereiro de 2011.
8. Rolak LA. The History of MS. National Multiple Sclerosis Society: Nova Iorque, NY; 2009.
9. A to Z of MS Causes of MS. Web site da MS Trust. http://www.mstrust.org.uk/atoz/cause.jsp. Acedido a 11 de Fevereiro de 2011.

Nenhum comentário: