A
atividade física é uma forma de promover a saúde física e mental, desde
que seja bem orientada e adaptada às nossas necessidades.
A Esclerose Múltipla é uma doença desmielinizante que afeta adultos
jovens e que pode ocorrer sob forma de surtos, onde, neste período, os
sintomas poderão estar exacerbados.
Os sintomas mais comuns são
:
- fraqueza,
- espasticidade,
- parestesia,
- dor,
- comprometimento de coordenação
e equilíbrio,
- fadiga,
- disfunção vesical,
- alteração sexual
- e alteração
visual.
A fadiga é um dos sintomas mais comuns e difícil de ser tratada; 75 a
95% dos pacientes relatam sensação de cansaço físico ou mental
profundo, perda de energia ou sensação de exaustão.
É de fundamental importância que os pacientes mantenham uma atividade
física habitual , a natação vem de encontro as necessidades do portador de Esclerose Múltipla, pois pode ter uma intesidade moderada e os impactos músculos esqueléticos são menores doque em outras atividades dependendo do grau de comprometimento.
Deve-se valorizar as manifestações clínicas presentes e, mais
importante, com adaptação específica e adquirida através de técnicas
para a realização da atividade física com o intuito de reabilitação, e
conservação de energia, prevenindo-se uma exacerbação dos sintomas e
fadiga.
Esclerose Múltipla e Reabilitação
Tratando-se de uma doença que potencialmente afeta várias funções
neurológicas, a reabilitação para pacientes com Esclerose Múltipla,
geralmente, é feita através de uma equipe multidisciplinar, constituída
por: médico, fisioterapeuta (motora e respiratória), fonoaudiólogo,
terapeuta ocupacional, psicólogo,nutricionista, educador físico e
assistente social.
Tendo como
seus objetivos:
- manter ou aumentar as atividades funcionais,
- promover
melhora na qualidade de vida;
- orientar e prevenir posturas viciosas e a
utilização de órteses;
- estimular atividades físicas adaptadas
- adaptações para facilitar as atividades de vida prática (cozinhar, lavar
louça, dirigir, etc).
A escolha da técnica deverá ser sempre discutida com o paciente, valorizando-se as manifestações clínicas, tais como:
Fadiga:
Os exercícios
de relaxamento e alongamentos são mais indicados, sendo que exercícios aquáticos poderão trazer maiores benefícios;pois auxília no controle cardio respiratória e melhora do condicionamento físico geral.
Fraqueza:
Os exercícios
de fortalecimento deverão ser realizados com cuidado para que o
paciente não fatigue.
Parestesia e Dor:
Massagem,Eletroterapia,
Crioterapia e Hidroterapia.
Dependendo da intensidade da dor, os
recursos que venham promover uma analgesia mais rápida, como a
crioterapia e ou a aplicação do T.E.N.S, seriam mais indicados para
atuar como método auxiliar na fisioterapia.
A massagem seria de total
importância para analgesia, relaxamento e estimulação proprioceptiva
(percepção do músculo e do movimento). A hidroterapia já atua com
objetivo de analgesia e relaxamento;
Ataxia (movimentos involuntários):
Fisioterapia,Hidroterapia e Esporte Adaptado. A fisioterapia e a
hidroterapia atuam no controle do movimento, equilíbrio, coordenação e
treino de marcha e, se necessário, a utilização de bengala ou andador,
dependendo da dificuldade do paciente.
O esporte adaptado atua com o
controle de movimento, concentração e ritmo;
Espasticidade:
O
aumento de tônus muscular deverá ser adequado com relaxamento, controle
do movimento com poucas repetições de exercícios e sem resistência ou
carga e alongamentos; tanto na fisioterapia como na hidroterapia.
Esclerose Múltipla e Temperatura
Dentre os fatores desencadeadores de surto desmielinizante,
relaciona-se exposição a alta temperatura. São freqüentes relatos de
aparecimento de sintomas neurológicos deficitários durante banhos
quentes.
Hidroterapia e Esclerose Múltipla
A Hidroterapia é um dos recursos da fisioterapia muito utilizado em
pacientes neurológicos, a qual atua com os princípios físicos e
hidrodinâmicos da água, a fim de facilitar, relaxar e aliviar sintomas
como dor, espasticidade e espasmos, paralisias e parestesias,
incoordenação e distúrbio de equilíbrio.
A piscina poderá ser adaptada ou não, mas recomenda-se que tenha:
piso anti-derrapante, borda revestida de borracha, profundidade em nível
proporcional ao tamanho do paciente e temperatura entre 28° e 31° C.
Os métodos utilizados deverão ser bem selecionados e, se necessário,
poderão ser adaptados dependendo das dificuldades do paciente. Os mais
utilizados são os relaxamentos aquáticos. O tempo de cada sessão
dependerá a programação e da temperatura da água, mas não deverá
ultrapassar de 1 hora/sessão.
A terapia deverá ser conduzida por profissionais habilitados para as
técnicas aquáticas, seguida de avaliações clínicas e fisioterapêuticas
constantes e respeitando as queixas de fadiga e dor do paciente.
Dentre
as condições que contra-indicam a realização de hidroterapia
destacam-se: infecção urinária, infecção dermatológica, incontinência
urinária e ou fecal, paciente em surto ou pós-surto de desmielinização
no sistema nervoso central.
• A água favorece liberdade de movimento, alívio de dor e de peso, devido à flutuação.
• A turbulência da água aumenta a percepção sensorial, favorecendo o equilíbrio, a coordenação e a marcha.
• A pressão hidrostática favorece o retorno venoso, melhorando a circulação e também mantendo a capacidade respiratória.
• A resistência da água ajuda no controle de movimentos involuntários.
• O calor da água alivia a dor e favorece o relaxamento.
• Os efeitos psicológicos que a água proporciona são: melhora da
auto-estima, motivação, criatividade, imagem corporal e integração
social.
Natação:
A natação é indicada para todos os
pacientes, mas deverá ser orientada por um profissional que conheça os
principais sintomas e dificuldades de seu aluno, e que este profissional
saiba adaptar a aula, se necessário.
A temperatura da piscina não
deverá ultrapassar os 28° C.
O tempo poderá ser determinado pelo
professor dependendo da fadiga do aluno.
A competição deverá ser
indicada para pacientes que não tenham fadiga.
Hidroginástica: A hidroginástica deverá ser de baixo
impacto e com intervalos de descanso entre um exercício e outro,
acompanhada por um profissional que tenha orientação de um
fisioterapeuta.
A indicação é para pacientes que tenham coordenação e
equilíbrio.
A temperatura da piscina não deverá ultrapassar os 30° C.
O
tempo poderá ser de até 45 minutos, com relaxamentos no final da aula.
Relaxamento Aquático
Dentre as técnicas aplicadas, destacam-se:
Watsu: é o Shiatsu adaptado à água, onde o paciente é
levado a um relaxamento com alongamentos e movimentos suaves no colo do
terapeuta, com temperatura da água de aproximadamente 36° C. Para
pacientes com Esclerose Múltipla, a terapia deverá estar com temperatura
de no máximo 32° C e com tempo de sessão diminuído.
Ai – Chi: é a combinação de Tai-Chi e do Qigong. O
Ai-Chi trabalha o alongamento e relaxamento progressivo do corpo,
integrando mente, corpo e a energia espiritual. Indicado para melhora da
coordenação, equilíbrio e postura. Pode ser aplicado em grupos ou
individualmente. A temperatura da água deverá estar por volta de 30° C e
deverão ser utilizados os movimentos mais básicos no início, para poder
evoluir lentamente e com cuidado em relação à fadiga.
Atividades que deveriam ser evitadas
Musculação:
Atividades com pesos levam à fadiga mais rapidamente, piorando ou levando à fadiga os pacientes que não tenham o sintoma.
Corrida:
A corrida poderá levar à fadiga, mas se o
paciente não tiver o sintoma nem perda de equilíbrio, este, então,
deverá ser sempre acompanhado e orientado por um fisioterapeuta.
Aulas de Alto Impacto
fora da água ou dentro da
água: Deverão ser evitadas pela fadiga e elevação da temperatura
corporal, também para prevenir desequilíbrios bruscos.
Imersão em piscina ou tanques com água com temperatura acima de 32° C.
Mitos frequentes sobre a esclerose múltipla
Fatos:
- Embora seja verdade que não existe cura para a EM, hoje em
dia existem terapêuticas disponíveis para ajudar a controlar a EM e os
sintomas associados à doença.
- As terapêuticas para tratar a EM são
conhecidas como terapêuticas modificadoras da doença ou DMT (disease-modifying therapies).
Fatos:
- A maior parte dos doentes com EM consegue encontrar formas de
impedir que a EM condicione aquilo que podem fazer ou não.
- A maioria
continua a ser capaz de fazer as mesmas actividades de sempre e de
executar as tarefas diárias.
- Claro que os efeitos da EM são diferentes
para cada doente e o seu curso pode ser imprevisível.
- No entanto, se for uma pessoa proactiva, optimista e empenhada em enfrentar a sua doença.
Fatos:
- A EM é uma doença com tratamento, e a maioria dos doentes
consegue controlá-la com recurso à terapêutica.
- Atualmente, existem
muitas terapêuticas modificadoras da doença com ação comprovada no
abrandamento da progressão da doença e na redução dos surtos.
- E
provou-se que algumas terapêuticas atrasam a progressão da incapacidade e
a necessidade de auxiliares de marcha em doentes com EM.
- É
importante iniciar a terapêutica numa etapa precoce da doença e segui-la
regularmente.
Fatos:
- Atualmente, existem várias terapêuticas disponíveis para a
EM.
- A boa nova é que existe possibilidade de escolha, pelo que pode
pesar as vantagens e desvantagens de cada uma das terapêuticas em
conjunto com o seu médico, de forma a decidir qual delas satisfaz melhor
as suas necessidades a longo prazo. I
- nvestigue um pouco, determine as
diferenças e não se esqueça de falar com o seu médico.
Fatos:
- Os especialistas são unânimes em considerar que escolher e
iniciar a terapêutica o mais cedo possível pode fazer uma grande
diferença.
- A investigação mostra que algumas lesões da EM são
irreversíveis, pelo que a sua identificação e tratamento na fase mais
precoce possível é a melhor forma de atrasar a progressão da doença e
reduzir o número de surtos e ataques.
- Apenas o doente, em conjunto com o
médico, pode decidir qual a terapêutica mais adequada e qual o momento
certo para a iniciar.
- No entanto, as investigações demonstram que,
quanto mais cedo for iniciada a terapêutica, melhores são as
perspectivas do doente.
Fatos:
- A EM não pertence à classe das doenças hereditárias, o que
significa que a transmissão da doença aos seus filhos não é automática.
- No entanto, existem estudos que sugerem que os filhos de pais com EM têm
uma maior probabilidade de desenvolver a doença.
- Se está grávida ou a
pensar constituir família, fale com o seu médico, enfermeiros ou equipe
médica.
Fatos:
- A EM é uma doença imprevisível, e os seus efeitos variam de
doente para doente. Nalguns casos, os doentes não têm ataques ou surtos,
enquanto noutros, estes poderão ocorrer de quando em quando.
- A melhor
forma de seguir a sua EM e avaliar se o plano de tratamento está a
funcionar é fazer exames regulares, como a ressonância magnética, e
falar com o seu médico.
Fatos:
- Se analisarmos as estatísticas, a esperança de vida dos
doentes com EM é sensivelmente igual à da população em geral.
- De fato,
os doentes com EM têm os mesmos riscos da população geral em relação a
cancro, doenças cardíacas e enfarte. A causa de morte dos doentes com EM
raramente é apenas a EM.
- Embora existam formas de EM que progridem rapidamente e que podem
encurtar a vida do doente, tratam-se de formas raras da doença.
- Existem
outras complicações como infecções e depressão grave que podem causar
problemas, especialmente se não forem tratadas.
- No entanto, em termos
gerais, os doentes vivem longas vidas, apesar da EM.
Fatos:
- Apesar de estar identificada há mais de 150 anos, a EM continua a ser uma doença algo misteriosa.
- A sua causa não é conhecida, embora existam vários fatores que parecem
poder desempenhar um papel no seu aparecimento.
- Estes incluem a raça,
etnia, factores genéticos e fatores ambientais.
- As mulheres têm maior
probabilidade de desenvolver EM, tal como as populações com ascendência
norte-europeia.
- Alguns estudos sugerem que existem vírus,
por exemplo, a papeira, o herpes e a varicela, que poderão contribuir
para o desenvolvimento da EM, mas ainda não foi estabelecida uma ligação
conclusiva a uma causa viral.
Fonte: AquaBrasil
Material elaborado pela equipe de Fisioterapeutas e Médicos do Setor de Doenças Neuromusculares UNIFESP-EPM
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