Foram quase seis horas dentro de uma universidade em Sheshan, a cerca de uma hora - de carro - de Xangai, na China.
Lá, estava em jogo o futuro de Cesar Cielo e de outros três nadadores brasileiros - Nicholas Santos, Henrique Barbosa e Vinícius Waked - flagrados por doping.
De terno e gravata, o campeão olímpico e mundial entrou e saiu do local sorrindo, mas sem falar com a imprensa.
Agora, vai esperar até 48 horas, prazo máximo para que o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) divulgue o resultado do julgamento desta quarta-feira. A maior punição possível por uso do diurético furosemida é de dois anos.
Cielo espera receber no máximo dois meses de suspensão, o que permitiria a ele disputar o Mundial de Xangai.
A competição de natação começa no domingo (noite de sábado no Brasil).
Se a punição for de mais de cinco meses, ficará fora dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, em outubro.
A pior das hipóteses é pegar mais de seis meses de punição.
Neste caso, a chamada Regra de Osaka o tiraria automaticamente dos próximos Jogos Olímpicos, em Londres-2012.
A regra do Comitê Olímpico Internacional (COI), no entanto, será julgada pelo mesmo TAS em setembro. O Comitê Olímpico Americano quer derrubá-la.
Vinícius Waked é reincidente, mas, se o doping for considerado sem intenção, ele não será banido do esporte.
Em fevereiro de 2010, o nadador foi punido por dois meses por uso de isometepteno - alegou ter ingerido sem conhecimento ao tomar um remédio para dor de cabeça.
Julgamento dura 40 minutos a mais por grande quantidade de testemunhas
Cielo e Waked mostram tranquilidade antes de entrarem no julgamento do TAS (Foto: agência AFP)Sheshan fica longe da agitação do Mundial. Além dos quatro nadadores, participaram do julgamento três árbitros e um consultor do TAS, três advogados - um dos atletas, um da Federação Internacional de Natação (Fina) e um da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) - e pelo menos cinco testemunhas: Coaracy Nunes (presidente da CBDA), Alberto Silva (técnico de Cielo), Gustavo Magliocca (médico de Cielo), Sandra Soldan (ex-triatleta e médica da CBDA) e Ricardo de Moura (superintendente técnico de natação da CBDA).
A previsão era que o julgamento durasse 5h, mas levou cerca de 40 minutos a mais.
O motivo, segundo o advogado americano Howard Jacobs - que defende os quatro nadadores -, foi a grande quantidade de testemunhas.
Ele não quis falar sobre a linha de defesa.
Jacobs tem no currículo mais de 70 casos de atletas flagrados em doping.
O de Cielo, segundo ele, é mais simples do que muitos em que já atuou.
Disse, em entrevista ao SporTV, que possui documentos que comprovam a boa fé do brasileiro.
Entre os casos de Jacobs está o da jogadora de basquete americana Diana Taurasi, bicampeã olímpica.
Ele provou que um laboratório da Turquia tinha errado o teste, e garantiu à jogadora uma pena menor do que a esperada.
Em 2009, conseguiu reduzir pela metade a suspensão da nadadora americana Jessica Hardy, que testou positivo para um anabolizante.
Equipe brasileira de natação na chegada a Sheshan (Foto: Satiro Sodré / AGIF)
Entenda o caso
No início de julho, a CBDA divulgou o caso depois de decidir apenas aplicar advertência e anular os resultados deles no campeonato.
O painel de controle de doping da entidade levou em conta o "histórico dos atletas".
Eles teriam explicado como o diurético furosemida entrou no organismo e que não houve aumento de desempenho.
Cielo comprava os suplementos – à base de cafeína – em uma farmácia de manipulação de Santa Bárbara D'Oeste – sua cidade natal. Segundo ele, o produto foi contaminado.
A CBDA disse que o estabelecimento enviou um relatório avisando sobre uma suposta contaminação das cápsulas por falta de limpeza no balcão onde as pílulas são produzidas.
O estabelecimento, no entanto, negou ter assumido o erro pelo doping do nadador, mas admitiu a possibilidade de ter acontecido contaminação pelo ar.
No dia 8 de julho, o TAS recebeu da Federação Internacional de Natação (Fina) um pedido formal de julgamento do caso de doping dos quatro brasileiros com urgência.
A entidade sugeriu a troca da advertência dada pela CBDA por uma suspensão, a contar a partir de maio, quando os nadadores atestaram adverso para furosemida.
Um comentário:
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