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sexta-feira, 23 de julho de 2010

Lesões nos Esportes Aquáticos

Um dos problemas mais comuns em nadadores e triathletas é o chamado "ombro do nadador", uma condição causada por sobrecarga que resulta em tendinite do manguito rotador (supraespinhoso) e/ou bíceps ou bursite subacromial.

Em várias ocasiões é diagnosticado uma síndrome do impato e que em nadadores jovens deve-se pesquisar como uma microinstabilidade ou instabilidade do ombro como causa primária.

Muitos nadadores iniciam a prática deste esporte por volta dos sete anos de idade e com exigências cada vez maiores. Além das sessões de natação, o treinamento de força muscular aumenta o trabalho no ombro dos praticantes de alto rendimento.


A condição de impacto da bolsa subacromial, do supraespinhoso e do tendão do bíceps, contra o acrômio é alta. Esta condição causa sobrecarga e microtrauma nos nadadores que leva ao desenvolvimento de instabilidade no ombro (falência progressiva dos ligamentos e cápsula). A irritação continuada do supraespinhoso pode causar uma diminuição do espaço subacromial causando, secundariamente, impacto e a possibilidade de bursites de repetição.


Técnicas novas, nos nadadores, procuram evitar este impacto para que sejam minimizados os seus efeitos, tais como manter o cotovelo em um plano mais alto na fase de recuperação do movimento, deixando a mão na altura da crista ilíaca.

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Ao contrário da coxa, como normalmente é feito diminuindo o impacto do manguito no espaço subacromial.

Também a diminuição do tempo de treinamento com "hand paddles" que aumentam a resistência da água e que exacerbam a dor nos ombros.

Alongamentos de toda a musculatura dorsal, principalmente dos rombóides, ao invés da cápsula posterior, e reforço dos estabilizadores da escápula mantêm um movimento mais apropriado e seguro para o ombro.

Repouso adequado para uma reabilitação completa é extremamente importante, buscando alternativas de treinamento que não sobrecarreguem a articulação, como bicicleta, por exemplo. O tratamento fisioterapêutico é essencial. Deve ser baseado no reforço dos rotadores externos e estabilizadores da escápula. O tratamento cirúrgico é raramente indicado e é reservado sempre para os casos em que o tratamento conservador não resolveu o problema.

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Oque é Ombro de nadador?

O ombro do nadador é freqüentemente acometido por lesões de características atraumáticas. Alguns autores referem que aproximadamente metade dos nadadores competidores já se afastaram dos treinamentos por um período mínino de três semanas devido a lesões no ombro. Em um estudo epidemiológico publicado na literatura nacional, foram avaliados 205 atletas durante o Troféu Brasil de Natação de 1998. a dor no ombro foi predominante, presente em 63,5% dos atletas, seguida pela dor na coluna, joelho, e cotovelo.
A combinação de frouxidão articular generalizada, amplitude articular extrema solicitada nos movimentos da braçada, e o número de repetições dos movimentos realizados pelos nadadores predispõe à ocorrência das lesões.

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O nado livre ou crawl é o mais praticado pelo nadador de competição e pelo recreativo.
O movimento da braçada é dividido em duas fases principais, a puxada e a recuperação, que são subdivididas em outras três fases cada uma.

A última fase do movimento de recuperação é a entrada da mão na água, e é a fase onde encontramos uma maior incidência de dor no ombro.
A fase ocorre o movimento de rotação medial e abdução do ombro, e discreta rotação do tronco para o lado da braçada.
No nado de estilo borboleta não ocorre a rotação do tronco e esta situação de impacto é ainda mais freqüente, sendo este o estilo que mais causa dor nos ombros dos nadadores.

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Estudos utilizando a eletroneuromiografia revelaram a importância dos músculos do manguito rotador e do músculo serrátil anterior na natação.

A fadiga ou insuficiência destes músculos faz com que a sincronia dos movimentos do ombro se altere, favorecendo a ocorrência de lesões do tipo impacto subacromial.

Outro fator que predispõe o ombro a lesões é a repetição das braçadas e a fadiga muscular. Estima-se que o nadador que treine por volta de 10.000 metros por dia, 6 vezes por semana, durante 10 meses no ano, execute aproximadamente 4 milhões de braçadas. Isto gera uma sobrecarga no ombro, já que 90% da propulsão na natação é realizada pelos braços, com exceção do nado peito onde a pernada assume grande parcela na propulsão.

A fadiga muscular faz com que os movimentos do ombro não sejam realizados de forma coordenada, sobrecarregando os tendões e favorecendo a lesão destas estruturas.
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A técnica da braçada quando executada de maneira errada também sobrecarrega os ligamentos e tendões do ombro.

Cuidados com o posicionamento dos cotovelos, posição de entrada da mão na água e inclinação do tronco devem ser observados.
Cabe aos técnicos do atleta a correção destas falhas, prevenindo as lesões e melhorando o desempenho de seus atletas.

O joelho é a segunda articulação mais acometida por lesões na natação.

Aproximadamente 28% dos nadadores apresentam lesões desta articulação(8).

Os membros inferiores são responsáveis por 20% da propulsão no estilo crawl e 40% no estilo peito. As lesões ocorrem geralmente por sobrecarga e se manifestam como dor na face medial do joelho.
As estruturas envolvidas podem ser o ligamento colateral medial, plica sinovial, cartilagem articular e tendões da pata de ganso.
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A coluna vertebral também pode ser lesionada na prática da natação.

A coluna cervical pode ser acometida por discopatia degenerativa, decorrente dos movimentos de rotação executados durante a respiração no nado de crawl.
As colunas torácia e lombar podem ser acometidas por lesões provocadas pela hiperextensão realizada no movimento de largada do nado de costas. As dores miofasciais também podem ser fonte de dor na coluna vertebral dos nadadores.

A musculatura adutora e flexora da articulação do quadril pode apresentar lesão aguda ou por sobrecarga, relacionada aos movimentos de pernada(10). O nado de peito é novamente o estilo mais freqüentemente envolvido.

Os músculos e tendões da panturrilha e do pé podem apresentar lesões por sobrecarga. Estas lesões geralmente são tenossinovites e estão relacionadas com o uso de nadadeiras durante os treinamentos.
O atleta lesionado geralmente é tratado de maneira conservadora.

  • Manter o atleta na água é muito importante, mas requer uma diminuição da metragem nadada e da intensidade do exercício.


  • Medidas terapêuticas como fisioterapia, medicação, alongamento e exercícios específico possibilitam o retorno ao nível competitivo.

As lesões podem ser evitadas com o aperfeiçoamento da técnica e tratadas com métodos de reabilitação ou cirúrgicos quando indicados.

Referências Bibliográficas:

- 1) Kennedy, JC, Hawkins, RJ: Swimmers shoulder. Physician Sports Med 2: 34-38, 1974.

- 2) Scovazzo, ML, Browne, A, Pink, M: The painful shoulder during freestyle swimming. Am J Sports Med 19: 577-582, 1991.

- 3) McMaster, WC, Troup, T: A survey of interfering shoulder pain in the United States competitive swimmers. Am J Sports Med 21: 67-70, 1993.

- 4)Cohen M, Abdalla RJ, Ejnisma B, Schubert S, Lopes AD, Mano KS. Incidência de dor no ombro em nadadores brasileiros de elite. Rev Bras Ortop 33(12):930-2, 1998.

- 5)Pink, M, Perry, J, Jobe, FW, Scovazzo, ML:The normal shoulder during freestyle swimming: An ENMG and cinematographic analisys of twelve muscles. Am J Sports Med 19: 569-575, 1991.

- 6)Allegrucci, M, Whitney, SL, Irrgang, JJ: Clinical implications of secondary impingement of the shoulder in freestyle swimmers. J Orthop Sports Phys Ther 9: 307-318, 1994.

- 7)Pink MM, Tibone JE. The painful shoulder in the swimming athlete. Orthop Clin North Am 31(2):247-261, 2000.

- 8)Rodeo SA. Knee pain in competitive swimming. Clin Sports Med 18(2):379-87, 1999.

- 9)Wilson FD, Linseth RE. The adolescent swimmwer´s back. Am J Sports Med 10:174-9, 1982.

- 10)Tansoline PA. Chronic adductor tendinitis in a female swimmer. J Orthop Sports Phys Ther 18(5):629-33, 1993.

- 11)Kenal KA, Knapp LD. Rehabilitation of injuries in competitive swimmers. Sports Med 22(5):337-47, 1996.

- 12)Colville JM, Markman BS. Competitive water polo. Clin in Sports Med 18(2):305-312, 1999.

- 13)Brooks JM. Injuries in water polo. Clin in Sports Med 18(2):312-319, 1999.

- 14)Viedt DT, Lantieri La, Loy SM. Wrist and hand injuries in plataform diving. J Hand Surg(Am) 18(5):876-08, 1993.

Dr. Benno Ejnisman/Dr. Gustavo Monteiro* Médico-assistente do CETE/Unifesp

3 comentários:

Marcelinho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcelinho disse...

Realmente podemos manter os treinamentos com dores nos ombros? Essa intensidade deverá cair quanto? Isso depende da sensibilidade do atleta com o treinador ou existe um estudo sobre a porcentagem do quanto devemos cair a metragem nos casos de Ombros de nadador?

Muito interssante seu trabalho!
Parabéns!

Unknown disse...

Posso não estar correto, mas, numa opinião de leigo: Se seu atleta sente dor, é por que algo no corpo dele está errado ou o corpo está realizando e assim, respondendo de maneira inadequada a determinado estímulo. Então, se este atleta sente dor, é melhor que ele pare os treinos por pequeno espaço de tempo e consiga se recuperar, do que forçar seu corpo ao extremo, provavelmente piorar a sua lesão e acabar ficando muito mais tempo fora das piscinas. Até porque, lesões de tendão são extremamente complicadas e perigosas, dependendo do que ocorra, ele pode nunca mais voltar a competir.
Então, é melhor prevenir do que remediar.