A principal autoridade esportiva da Austrália pediu oficialmente ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) que impeça a participação do técnico de natação Scott Volkers nos Jogos Olímpicos do Rio.
Volkers, que treina alguns dos principais nadadores da equipe brasileira, incluindo o vice-campeão olímpico dos 400m medley, Thiago Pereira, foi impedido de trabalhar com crianças e adolescentes na Austrália depois de, no início da década passada, ter sido acusado de abuso sexual por três nadadoras, em episódios que teriam ocorrido durante os anos 1980.
Volkers, que chegou a trabalhar com Cesar Cielo, o nome mais conhecido da natação brasileira, nega as acusações.
A BBC Brasil tentou contato com ele por intermédio de seu clube, mas não teve retorno.
'Voto de confiança'
O treinador já foi levado à Justiça na Austrália, mas um tribunal determinou que não havia provas suficientes para julgá-lo. No entanto, ele viu as portas para seu trabalho se fecharem no país.
Na carta enviada ao presidente do COB e do Comitê Organizador da Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, o mandatário da principal entidade esportiva da Austrália, John Coates, vai além de pedir que o treinador seja impedido de participar da Olimpíada e recomenda que ele seja banido de trabalhar.
Coates incluiu na carta a cópia de um inquérito em que uma comissão do governo australiano demonstrou preocupação com as alegações e criticou a decisão da Justiça australiana.
"Nós acreditamos que ele (Volkers) não deveria estar envolvido de maneira alguma com a Rio 2016", diz o dirigente australiano na carta.
Volkers vive no Brasil desde 2011, trabalhando no Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte, e na seleção brasileira.
Por ter diversos atletas classificados para a Rio 2016, ele é elegível para uma vaga como treinador olímpico, de acordo com os estatutos da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).
Mas a BBC Brasil apurou que a presença do australiano na delegação olímpica brasileira está ameaçada por conta da polêmica.
Em Belo Horizonte, o australiano trabalha com nadadores de todas as idades. O Minas Tênis disse "ter feito ampla pesquisa e entrevista" sobre Volkers e que também se reuniu com pais de nadadores para discutir a contratação. Segundo o clube, o treinador "recebeu um voto de confiança" dos pais.
Em uma entrevista ao jornal australiano Daily Telegraph, Coates menciona o fato de o técnico não ter sido condenado pela Justiça, mas diz ter conversado sobre o assunto com Nuzman quando os dois se encontraram em Lausanne, na Suíça, durante a cerimônia de passagem da tocha olímpica pela sede do Comitê Olímpico Internacional (COI).
"Nuzman entendeu a seriedade deste assunto. Eu não posso forçar a exclusão dele (Volkers), mas tinha a obrigação de chamar a atenção dos brasileiros", disse o australiano.
Em 2014, Volkers, que treinou algumas das mais bem-sucedidas nadadoras australianas, deu uma entrevista ao jornal australiano The Courier Mail, em que disse "ser uma pessoal normal".
"Não sou um fugitivo. Visito a Austrália todos os anos", declarou.
Naquele mesmo ano, porém, ele foi impedido pelas autoridades do país de participar de um torneio internacional de natação, em Gold Coast, quando teve negado pedido de credenciamento. A CBDA optou por substituí-lo na delegação.
Procurado pela BBC Brasil, o COB, por intermédio de sua assessoria de imprensa, disse que o pedido da entidade australiana ainda não foi analisado. O Minas Tênis não respondeu aos pedidos de entrevista com o Volkers.
O Minas Tênis classificou como “assunto requentado” o pedido das autoridades olímpicas australianas para que o técnico de natação do clube, Scott Volkers, não seja convocado para trabalhar pelo Brasil nas Olimpíadas de 2016.
A solicitação foi feita ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB), pelas denúncias de que o treinador, nascido na Austrália, teria abusado sexualmente de três nadadoras na década de 1980 no país.
Volkers está no Minas desde janeiro de 2012 e hoje trabalha com atletas como Thiago Pereira.
A assessoria do Minas Tênis disse ainda que o comportamento do técnico no clube sempre foi exemplar, e que não há motivos para falar sobre possível atuação do técnico pelo Brasil na Olimpíada, já que ainda não houve convocação para os Jogos. Pelos critérios definidos pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), entretanto, ele será um dos treinadores.
Quando chegou ao Minas, Volkers afirmou que seu objetivo no país era ajudar o Minas e o Brasil nos jogos de 2016. O treinador foi o líder da equipe de natação da Austrália em 1992 (Barcelona), 1996 (Atlanta) e 2000 (Sydney).
O treinador chegou a ser levado aos tribunais na Austrália na década passada, mas não houve condenação, por falta de provas. O técnico, no entanto, foi proibido de trabalhar com crianças e adolescentes no país.
No pedido feito pelo comitê olímpico australiano e revelado pela BBC Brasil, as autoridades sugerem ainda que o treinador seja banido do trabalho que desempenha atualmente. Segundo a assessoria do Minas Tênis, Volkers não conversaria com a reportagem por não ter o que falar sobre o assunto.
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