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segunda-feira, 18 de abril de 2016

Natação Melhora o Desempenho Escolar Infantil?



Esta pesquisa teórica tem relevância no âmbito da Educação Física e da Educação Infantil, pois evidencia os benefícios da natação como meio de aprendizagens diversas, viabiliza discussões conceituais e caracteriza o tema proposto sob diferentes abordagens. 
Esse esporte é considerado completo e não deve ser entendido como um simples ato de saber nadar, mas como uma prática esportiva que possibilita a formação sócio-pedagógica e a construção de aprendizagens de vida.

 Assim,  a natação  quando praticada na infância proporciona o desenvolvimento progressivo nos aspectos:
  •  cognitivo
  •  social 
  • e motor.

 A natação é conhecida desde da  pré-história como uma atividade importante para continuidade e sobrevivência da espécie humana.

O registro mais antigo sobre esse esporte encontra-se em pinturas rupestres de cerca de 7.000 anos atrás. 
Nos primórdios da história, o homem já nadava, seja devido as suas necessidades de sobrevivência para recolher alimentos ou em fuga de predadores, lançando-se no meio líquido e nele deslocando-se.

 A evolução do homem faz surgir novos conceitos na utilização da natação. 
Para isso, metodologias são utilizadas conforme a faixa etária e os objetivos.
 Objetivos :
  1.  recreativos
  2.  condicionamento físico
  3.  competitividade
  4.  demonstração
  5.  aprendizagem motora e corporal
  6.  entre outras formas.

 Nesse sentido, a natação infantil não deve se resumir ao fato da criança aprender a nadar, mas sim, contribuir para ativar o processo evolutivo psicomorfológico da criança, auxiliando o desenvolvimento de sua psicomotricidade e reforçando o início de sua personalidade. 
Questionamento:
 Até que ponto a natação contribui para o desenvolvimento e à formação sócio-pedagógica da criança?
Será que as aprendizagens de uma criança que pratica natação proporcionam algo mais que o saber nadar? 

Nesse sentido, temos como objetivos:
 a) identificar as contribuições da natação para o desenvolvimento infantil;
 b) descrever a relação entre a prática da natação e a formação sócio-pedagógica da criança;
 c) analisar as aprendizagens infantis construídas ao longo do processo. 


Além de evidenciar a importância da natação para o desenvolvimento da criança, esse trabalho trata da prática da natação desde o nascimento do bebê até os seus reflexos e comportamentos no meio líquido. 

A partir dessa fase, a criança desenvolve-se na natação conforme sua maturidade e capacidade. 

Esta pesquisa destaca a formação sócio-pedagógica da criança e mostra métodos para um ensino-aprendizagem de qualidade, enfatizando a formação do cidadão.

 A presente pesquisa trata-se de um estudo teórico de grande importância no âmbito da Educação Física e da Educação infantil, pois evidencia a natação como um meio de aprendizagem, uma vez que viabiliza discussões conceituais e ressignificação de conhecimento. 

Além disso, esta pesquisa constitui-se como fonte de consulta que persiste ao logo do tempo e permite o acesso a materiais já produzidos e sistematizados, inclusive servindo de base a diferentes estudos, o que dá mais estabilidade às análises obtidas. 

 CONTRIBUIÇÕES DA NATAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL 

Por meio da natação se pode construir um cidadão, com respeito, educação e valores morais para que possa ter uma vida mais tranquila em sociedade.

 A criança constrói sua própria realidade baseada no que o mundo representa para ela e através de experiência sensorial, visual, auditiva, motora e sinestésica desenvolve esquemas abstratos representativos da realidade. 

De acordo com Piaget (1975), o desenvolvimento da inteligência é definido e conceituado como resultado da eficácia progressivamente maior interação da criança com o meio ambiente. 

Ou seja, ação de uma pessoa sobre o ambiente, transformando e experimentando o desequilíbrio, a assimilação e a acomodação dos acontecimentos. 

Segundo Ramaldes (1987) praticar esporte desde cedo é muito importante para o desenvolvimento da criança e uma das atividades físicas mais indicadas nessa fase é a natação. 

Isso porque seus benefícios podem ser usufruídos até mesmo por bebês. 

Esses benefícios englobam tanto aspectos físicos :
  • fortalece a musculatura do corpo 
  •  trabalhar a flexibilidade das articulações

 Quanto orgânicos:
  • aumenta a resistência cardiopulmonar
  •  vascula
  •  estimular o apetite
  • proporcionar um sono mais tranquilo

 Psicossociais :
  • desenvolver a estabilidade emocional
  • promover a socialização

Terapêuticos:
  •  auxiliar no tratamento de doenças respiratórias  (como bronquite e ninite)

 Além disso, essa modalidade tem efeitos positivos com relação à autoestima, tendo em vista que a criança percebe suas diferenças em relação aos outros, mas ao mesmo tempo sabe que são apenas distinções e não limitações. 

A prática da natação contribui também para o desenvolvimento da disciplina ao estabelecer uma rotina e pode ser um eficiente exercício no desenvolvimento da coordenação motora, isso porque a atividade é caracterizada por movimentos simétricos (PILETTI, 1995). 

Segundo Lima (1999), torna-se imprescindível a prática da natação como modalidade esportiva para o desenvolvimento, quanto mais cedo melhor para a criança, pois é mais fácil aprender. 

Dessa forma, o fim que persegue um método de natação não deve ser unicamente a criança chegar e converter-se em um bom nadador, mas sim, construir experiências que por meio de suas vivências proporcione uma educação integral.

 Sendo assim, um elemento fundamental para as experiências com bebês no meio aquático é a presença da mãe/pai/alguém que lhe seja familiar, junto dele na água, durante todo o processo de estimulação aquática.

 Isto é, a ‘aula’, onde os pais vão proporcionar-lhes segurança afetiva e física, atuando como agentes no auxílio no desempenho. 

As primeiras aulas servem essencialmente para conhecer a criança, para analisar e observar suas reações psicológicas ao contato da água. 

Como o bebê não pode traduzir verbalmente suas sensações, é essencialmente através do ritmo cardíaco que se pode estabelecer um contato objetivo certo entre ele e o professor.  

A curva pessoal das variações das pulsações vai ser o fator primordial e constante de segurança para a evolução da aprendizagem. (DEPELSENEER, 1989, p. 189).

 Não é recomendado substituir os pais, nem mesmo pelo professor altamente especializado. 


Devem-se considerar os aspectos psicológicos de cada criança:
 o bebê ainda tem um círculo muito restrito de seu meio ambiente; 
os adultos que o cercam são os de sua convivência familiar e doméstica.

 Portanto, qualquer pessoa estranha que entre no seu pequeno mundo será motivo de abalo em seu equilíbrio emocional. 

A socialização com outras pessoas (professor e demais alunos) é fundamental para o desenvolvimento da criança. 

O papel do professor deve ser o de interventor intencional, estimulando o aluno a progredir em seus conhecimentos e habilidades através de propostas desafiadoras que o leve a buscar soluções, por intermédio da sua própria vivência e das relações interpessoais. 

Existem quatro aspectos essenciais nesta fase: 
  • o respeito pela fase de desenvolvimento maturacional que o aluno se encontra,
  •  o contato físico,
  •  o contato social 
  • a segurança do mesmo, pois não basta o aluno estar seguro e sim que ele se sinta seguro (BONAMIGO, 1982). 

Damasceno (1997) apud Brandão (1984) afirma que a criança não nasce com a capacidade de saber fazer, mas com condições necessárias para poder fazer e com o potencial para aprender a fazer. 

Brincadeiras e atividades que desenvolvam habilidades nas crianças são 5 elementos relevantes e têm como objetivo transmitir confiança, levando-as à compreensão de seu meio ambiente e disposição à comunicação.
 Isto é possível quando a criança conhece sua própria capacidade de expressão. 

CONHECENDO O MUNDO POR MEIO DA NATAÇÃO 

No período da infância, a criança descobre sua capacidade de interação com o mundo.

 Nessa fase, a natação trabalha com a adaptação e ambientação ao meio líquido 

  • e os bebês desenvolvem relacionamento com outras pessoas fora do círculo familiar, 
  • passam a ter noções de espaço e tempo
  • conhecem diferentes estímulos (cores, texturas, temperaturas, odores, etc.), 
  • aumentam a resistência cardiorrespiratória e muscular.
  • aprendem formas independentes de deslocar-se na piscina
  •  e se preparam psicologica e neurologicamente para o auto salvamento (PIAGET, 1989).

 Xavier (2001) define que os estágios de desenvolvimento do nadar são sensíveis às variações de restrições ambientais, particularmente quando os indivíduos estão em estágios mais avançados. 

A primeira caracterização da sequência de desenvolvimento aquático foi realizada por Myrtle McGraw, pelo final da década de 30.

 McGraw (1939) constatou que, ao nascer, os bebês podem apresentar movimentos coordenados de braços e pernas para se deslocar na água desde que colocados na posição decúbito ventral na água.

 Para o desenvolvimento da criança na natação é fundamental visualizar as características da faixa etária em questão no quesito amadurecimento, tornando necessária uma melhor organização e delimitação de procedimentos, com o objetivo de auxiliar na formulação de aulas mais adequadas.

 O desenvolvimento motor também é o processo pelo qual uma criança adquire padrões de movimento e habilidades. 
É caracterizado pela modificação contínua baseada na interação entre o processo de maturação neuromuscular  que é provavelmente regulado geneticamente, as características de crescimento e a maturação da criança por exemplo, tamanho e composição corporal (ROBERT; BOUCHARD, 2002 apud SILVA, 2005). 
É um período ótimo de desenvolvimento da natação, pois pode-se relacionar os exercícios aos brinquedos. 
Antes o brinquedo era para atrair a atenção da criança e agora o objetivo é de integrá-lo aos exercícios tornando prazerosa a atividade para o bebê. (LIMA, 1999, p. 164). 

A aula de natação pode ser, na maioria das vezes, o primeiro local onde o bebê tem a oportunidade do convívio social, é a sua primeira ‘escolinha’, terá sua primeira professora e seus primeiros coleguinhas de classe. 
O contato com outros bebês será o início da vida social. 

Segundo Damasceno (1986), nas crianças de 2 a 4 anos deve favorecer a adaptação e segurança ao meio líquido, melhorar a capacidade cardiorrespiratória, sobrevivência aquática, domínio da respiração, proporcionar a estimulação psicomotora de acordo com o desenvolvimento motor da criança através das técnicas da natação e atividades lúdicas. 

Nas crianças de 4 a 7 anos favorece a adaptação ao meio líquido com segurança, promove estímulos psicomotores (afetivos, cognitivos, motores e sociais) de acordo com a idade cronológica. 

Assim, faz- necessário a aprendizagem das técnicas rudimentares da natação e atividades lúdicas como mergulhos, flutuação, formas de respiração aquática e deslizes e sobrevivência aquática. 

Nessa faixa etária, a criança tem habilidades motoras já capacitadas para realizar movimentos do crawl e costas. 

Ela também passa por várias experiências corporais para conhecer os limites do seu corpo, nada cachorrinho, sapo e golfinho.
Como a alfabetização está presente nessa fase, o professor também pode estimular sua mente. 
O organismo é capacitado para trabalhar o raciocínio e a conscientização em si. 
Então, são introduzidas nas aulas noções de ritmo (forte e fraco) e tempo (metragens e séries). 
Até os seis anos, os professores devem ficar dentro da água e criar um ambiente lúdico educativo, desenvolvendo temas, enredos etc.  

Ainda seguindo o pensamento de Damasceno (1986), nas crianças de 7 a 12 anos, essa modalidade favorece a aprendizagem e o aperfeiçoamento das habilidades no meio aquático, como braçadas, pernadas, respiração. 

Enfim, o desenvolvimento de toda sua coordenação psicomotora, além de ser possível alternar atividades dentro e fora da piscina, tendo como foco o desenvolvimento e a consciência das técnicas dos nados, saídas e viradas. 
O mais importante é que a atividade física respeite os limites da idade, seja adequada a cada fase da vida da criança para contribuir com o seu desenvolvimento. 

BENEFÍCIOS DA NATAÇÃO NA ALFABETIZAÇÃO INFANTIL


 O desenvolvimento da personalidade da criança compreende as mudanças ocorridas no organismo durante o processo de crescimento e desenvolvimento 7 (comportamento motor, percepção, construção da inteligência, afetividade, aprendizagem) tem merecido ultimamente uma atenção cada vez maior por parte dos investigadores. (CIRIGLIANO, 1981). 
 Os pais matriculam seus filhos ainda bebês em programas de adaptação ao meio líquido esperando que com isso os mesmos aprendam a nadar. 

Mas muitos não têm em mente os benefícios de um programa de natação infantil, programas esses que vão muito além do saber nadar. 

A natação infantil é um eficaz instrumento de aplicação da Educação Física no ser humano, assim como excelente elemento para iniciar a criança na aprendizagem organizada (FRANCO, 1985 apud Damasceno,1997). 

Nesse sentido, a natação infantil não se detém somente ao fato de que a criança aprenda a nadar, como afirmam Navarro e Tagarro (1980), mas sim, contribui para ativar o processo evolutivo psico morfológico da criança, auxiliando o desenvolvimento de sua psicomotoridade e reforçando o início de sua personalidade. 

A natação torna-se um agente educativo quando aplicada a crianças em idade pré- escolar, assumindo um papel formativo e totalizador que leva essas crianças a participarem de um programa de adaptação ao meio líquido a se desenvolverem melhor e mais rapidamente. 

O que fará do posterior processo de alfabetização algo simples e bem sucedido. 

Pode-se inferir que um programa de natação para primeira infância, quando elaborado e conduzido por um profissional competente, assume o importante papel de educar integralmente a criança, conforme Gomes (1995) explicita:
 a) aquisição do sentimento de ‘confiança básico’, eixo da personalidade e matriz da confiança social;
 b) seleção e gradação dos estímulos sensório motores para obtenção de respostas adaptativas mais adequadas e hierarquicamente úteis para a transferência da aprendizagem;
 c) adequação aos estímulos perceptivos motores no preciso momento evolutivo, tornando irreprodutível se oferecido mais tarde com as mesmas características naturais e nas mesmas condições; 
d) utilização da base reflexa antes de sua extinção para a construção de sistemas funcionais econômicos através de propostas sistemáticas de aprendizagem; 
e) conhecimento e domínio progressivo do corpo, que facilita a formação de imagem corporal integrada e rica através da sensório-percepção; 
f) formação de base  da inteligência, a partir das oportunidades oferecidas, em quantidade e qualidade adequadas, de exercitar sua vontade em realizar experiências; 
g) instauração de um vínculo pedagógico personalizado e cooperativo, 
aberto a mutualidade família e  escola de natação, afim de formar um arquétipo educativo social prospectivamente válido. 

Assim, a importância da natação não está atrelada apenas ao desenvolvimento físico da criança, mas também à formação de sua personalidade e inteligência. 

Crianças iniciadas em um programa de adaptação ao meio líquido em idade pré-escolar têm um rendimento mais satisfatório em seu processo de alfabetização (CATTEAU, 1990). 

Conclusão
Esta pesquisa percebeu que a prática da natação não é limitada e tem características sócio-educacionais. 
Na modalidade de natação, a criança conhece seu corpo e busca desenvolver ao máximo sua capacidade motora, afetiva e cognitiva, explorando e vivenciando suas possibilidades. 

Além disso, melhora seu sistema cardiorrespiratório, tônus muscular, coordenação, equilíbrio, agilidade, força, velocidade, habilidades tais como lateralidade, percepção tátil, auditiva e visual, noção espacial, temporal e ritmo, da sociabilidade e autoconfiança.

 A natação adquire importância na medida em que se estrutura um ambiente facilitador e adequado para a criança, assim, oferece experiências que vão resultar num grande auxílio de seu desenvolvimento motor.  

Vale ressaltar que as crianças nessa faixa etária necessitam de estímulos para um desenvolvimento motor saudável e apropriado. 

O estudo evidenciou também a relevância dessa prática esportiva para a melhoria do desenvolvimento psicomotor e sócio-pedagógico das crianças. 

Portanto, propõe-se que novos estudos sejam realizados para uma abordagem mais direcionada à natação na Educação Infantil ainda restrita. 


REFERÊNCIAS
 BONAMIGO, E. M. R. Como ajudar a criança no seu Desenvolvimento 0 a 5 anos. Universidade, 1982. BRANDÃO, J, S. Desenvolvimento psicomotor da mão. Rio de Janeiro: Enelivros; 1984. CATTEAU, O.G. Ensino da Natação. Manole, 1990. CIRIGLIANO, P, M. Os bebês nadadores: maturação, fundamentos e técnicas para a primeira infância. São Paulo: Manole, 1981. DAMASCENO, Leonardo. A estimulação essencial e a natação para bebês. In: Curso de Natação - A psicomotricidade e a Natação aplicadas a crianças de 0 a 10 anos. Rio de Janeiro:1986. Apostila. DAMASCENO, L. G. Natação para bebês dos conceitos fundamentais à pratica sistematizada. 2º edição, Rio de Janeiro: Sprint, 1997. DEPELSENEER, Y. Os bebês nadadores e a preparação pré-natal aquática. São Paulo: Manole, 1989. FRANCO, P. Programa de aprendizagem de natação em bebês. Universidade, 1985. GOMES, Wagner D. F. Natação, uma alternativa metodológica. Ed. Sprint.1995. LIMA, W. U. Ensinando Natação. São Paulo: Phorte, 1999. NAVARRO; TAGARRO. Natação. São Paulo. Gymuos. 1980 PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1975. PIAGET, Jean. A Psicologia da Criança. 10 ed.; Rio de Janeiro: Bertrand, 1989. PILETTI, N. Psicologia Educacional. São Paulo, Atica, 1995. RAMALDES, A.M. 100 aulas: bebê a pré-escola. Rio de Janeiro: Sprint, 1987. SILVA, E, N. Natação segundo a psicomotricidade. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Sprint. 2005. XAVIER FILHO, E. O efeito das restrições da tarefa e do ambiente no comportamento de locomoção no meio aquático. Dissertação (Mestrado). São Paulo: Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo, 2001.

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