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quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

NATAÇÃO E A COLUNA VERTEBRAL



ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL

O corpo humano é o melhor exemplo da perfeição da natureza. Se nada de errado acontecer, todos os seus órgãos e sistemas funcionam e interagem entre si com perfeição. Algumas estruturas, no entanto surpreendem por sua engenhosidade.
A coluna vertebral é uma delas.

A coluna vertebral é a viga mestra em balanço do esqueleto, sendo didaticamente dividida em duas porções: anterior, constituída pelo ligamento longitudinal anterior, corpo vertebral, disco intervertebral e o ligamento longitudinal posterior e outra posterior, constituída pelo canal vertebral, ligamento amarelo, as articulações inter-apofisárias, os ligamentos interespinhais e supra-espinhais, pedículos, lâminas, processos transversos e espinhosos.

Função
A flexibilidade é sua principal característica , pois as vértebras apresentam mobilidade entre si. A estabilidade é fornecida por sua estrutura ligamentar e osteomuscular.
Entre suas funções temos:
  • proteção da medula espinhal,
  • sustentação,
  • movimentação
  • e marcha, manutenção da posição ereta, suporte do peso corporal e ligação de todas as suas regiões desde a occipital até o sacro.
Apresenta 4 curvaturas fisiológicas que não ocorrem ao acaso:
lordose cervical, cifose torácica, lordose lombar e cifose sacra.
A lordose cervical estende-se do atlas à segunda vértebra torácica, a cifose torácica da segunda vértebra torácica à décima segunda, e tem variações individuais.
A lordose lombar é uma curvatura que se estende da décima segunda vértebra torácica até a transição lombosacra.
A sua forma deve-se à adaptação às forças de carga e locomoção, que se inicia a partir do momento em que o indivíduo passa a deambular.
A curvatura sacra, da articulação lombosacra ao cóccix e a sua concavidade anterior direciona-se para frente e para baixo.
Essas curvaturas têm para a coluna uma função muito especial: equilibrar e facilitar a distribuição do peso e das forças compressivas, impedindo a sobrecarga de áreas específicas.
É simples, na ausência dessas curvas, a coluna seria igual a uma tábua, o que dificultaria a sua mobilidade.
No plano frontal a coluna é reta, sendo que alguns desvios laterais discretos podem estar presentes.

Estrutura óssea

Os 33 corpos vertebrais constituem os principais pilares da coluna, todos eles com características próprias, sendo:
7 cervicais,
12 torácicos
5 lombares
5 sacrais
4 coccígeos
Uma vértebra típica se constitui de um corpo, arcos, lâminas, pedículos, articulações posteriores e processos transversos e espinhoso. Cada vértebra tem sua estrutura uma fina camada externa de osso cortical e seu interior preenchido por osso esponjoso.
A disposição e configuração dessas trabéculas ósseas é um fator importante para a sua resistência.
O volume dos corpos vertebrais aumenta progressivamente da região cranial para a caudal, o que demonstra uma adaptação do ser humano às cargas impostas à coluna ao longo do seu eixo.

As vértebras são conectadas entre si pelas articulações posteriores entre os corpos vertebrais e os arcos neurais. Elas se articulam de modo a conferir estabilidade e flexibilidade à coluna, atributos necessários para a mobilidade do tronco, postura, equilíbrio e suporte de peso,e em seu interior o canal vertebral, eixo central que contém a medula espinhal.
Os discos intervertebrais se encontram em toda a coluna vertebral exceto entre a primeira e a segunda vértebra cervical. É importante conhecer sua estrutura e composição, pois permitirá uma melhor compreensão de suas funções. Os dois componentes básicos da estrutura do disco são o anel fibroso (parte externa) e o núcleo pulposo (parte interna). Eles formam uma articulação cartilaginosa.


O núcleo pulposo é um gel que corresponde a 40-60% do disco e se compõe de 70-90% de água e proteoglicanos. O núcleo tem a capacidade de se deformar quando submetido a pressão, com participação nos mecanismos de absorção de choques e distribuição de forças, equilibrando tensões. O anel fibroso é composto por uma série de camadas de fibras colágenas dispostas de forma espiral, encapsulando o núcleo pulposo. Ele auxilia a estabilização da coluna, funcionando como um ligamento.


Ligamentos
Todas as vértebras e discos são conectados entre si pelos ligamentos, sendo os principais: o longitudinal anterior, o amarelo, o interespinhal e supra-espinhal. Eles são compostos por uma faixa ampla de um tecido espesso, com suas fibras longitudinais distribuídas em várias camadas, sendo que as fibras mais profundas unem vértebras adjacentes( próximas) e as superficiais se estendem por duas a quatro vértebras. Entre suas funções: estabilizar, permitir o movimento da coluna e retorno à posição ereta ao flexionar a coluna,em decorrência de sua elasticidade. Nestas tarefas os ligamentos são auxiliados pelos tendões e músculos

Músculos

Os músculos da coluna vertebral desempenham importante função na manutenção de sua estabilidade, equilíbrio , movimentação dos membros e participam dos mecanismos de absorção dos impactos protegendo a coluna de grandes sobrecargas.
Eles atuam na coluna vertebral integrados e em harmonia, porém é necessário compreender a função de cada grupo muscular e sua sincronia durante a realização dos diversos movimentos. Os músculos são divididos em grupos, com funções distintas de acordo com os segmentos da coluna em que estão situados.
Entre as suas importantes funções, além da movimentação proporcionam estabilidade da coluna .Diversos músculos atuam, entre os quais os rotadores, interespinhosos e multifídeos.

Medula espinhal
A medula espinhal encontra-se no interior do canal vertebral estendo-se do cérebro até a primeira vértebra lombar, podendo ocorrer variações anatômicas. Ela é parte essencial do sistema nervoso central. É envolvida por três membranas protetoras de dentro para fora:a pia-máter,a aracnóide e a dura-máter. A pia-máter e a aracnóide são separadas pelo espaço sub-aracnoideo, local onde transita o líquido cérebro-espinhal. A aracnóide termina no nível da segunda vértebra sacra.
O espaço existente entre a dura-máter e a parede do canal vertebral é preenchido por gordura, tecido conectivo e plexo venoso, e é denominado de espaço peridural. As membranas que envolvem a medula alem de proteger o tecido nervoso permitem que os impulsos nervosos sejam transmitidos durante o movimento. A medula espinhal tem forma cilíndrica, com o diâmetro transverso maior do que o ântero-posterior .
Ela tem duas dilatações: uma na região cervical formando o plexo braquial e outra na região lombar o plexo lombo sacro terminando no cone medular ao nível da segunda vértebra lombar. Abaixo dessa região as raízes nervosas lombares e sacras ocupam o canal vertebral, formando um conjunto conhecido como cauda eqüina. Nesta região encontra-se o filum terminale, uma estrutura fibrosa não nervosa, que é uma extensão da pia-máter e envolvida pela dura-máter, que se insere no cóccix.

Nervos espinhais
O nervo espinhal é formado pela fusão de duas raízes, uma ventral e outra dorsal. A raiz ventral possui apenas fibras motoras (eferentes) com seus corpos celulares situados na coluna anterior da substância cinzenta da medula. A raiz dorsal possui fibras sensitívas (aferentes), e seus corpos celulares situados no gânglio sensitivo da raiz dorsal. A fusão das raízes sensitiva e motora resulta no nervo espinhal. O nervo espinhal deixa o forame intervertebral e divide-se em ramo anterior (ventral) e posterior (dorsal). Entre suas funções inervar a pele, articulações posteriores, músculos da coluna, do tórax, do abdome e dos membros superiores e inferiores.

BIOMECÂNICA DA COLUNA VERTEBRAL

O estudo dos movimentos corporais permitiu a constatação do importante papel exercido pela coluna vertebral na espécie humana, pois a sua localização no centro do corpo é estratégica. Quando realizamos um movimento com os membros superiores ou inferiores a coluna fornece estabilidade e amplificação dos mesmos.

A estabilidade pode ser entendida de acordo com a terceira lei de Newton (a cada ação ocorre uma reação no mesmo sentido e em direção oposta). No caso da coluna a reação é absorvida por sua musculatura.

A amplificação (magnificação) dos movimentos pela musculatura da coluna é necessária permitindo melhora do desempenho do indivíduo. Isso explica, em parte, a grande incidência de pessoas com dor na coluna vertebral.

A movimentação da coluna é uma somatória de pequenos movimentos realizados entre os corpos vertebrais, sendo que cada corpo vertebral realiza seis movimentos básicos: deslizamento para frente e para trás, inclinação para frente e para trás, deslizamento lateral no plano frontal, inclinação lateral no plano frontal, tração e compressão e ainda rotação axial.

A essência de um bom exame da coluna encontra-se na aptidão em se observar anormalidades no movimento e relacioná-las primariamente aos sinais e sintomas do paciente e secundariamente ao que seria esperado para este indivíduo quanto à idade, sexo, raça e biótipo.
Quando um corpo vertebral se move, o eixo ou o "centro de rotação" do corpo se modifica a cada instante. Este ponto em torno do qual o movimento ocorre é denominado eixo instantâneo de rotação.

Entre o crânio e o sacro existem 25 níveis nos quais o movimento pode ocorrer. O termo "segmento móvel" é utilizado para descrever duas vértebras adjacentes conectadas pelo disco intervertebral, articulações posteriores e ligamentos.
As curvaturas da coluna são biomecanicamente importantes, porque aumentam a capacidade de absorção de energia e a flexibilidade.

A natação é sempre benéfica para as dores na coluna?

Há uma polêmica a respeito, muitos dizem que a natação é benéfica por reduzir consideravelmente o impacto sobre a coluna vertebral e proporcionar uma atividade relativamente segura.
Porém maiores questionamentos são quanto a execução, caso você nade incorretamente em uma posição não anatômica, apenas irá acentuar seu problema postural, consequentemente as dores e mal estar.
Os nados em si não tem contra indicação, alguns são mais indicados devido ao grau de complexibilidade menor que outros, por exemplo o nado crawl e o costas.
Nados como o borboleta requerem mais da estrutura física, por serem mais vigorosos, errar significa se prejuízo e muitas vezes dor.

5 comentários:

Paloma disse...

Tudo bem que você quis explicar tudo sobre coluna.... mas o assunto principal do blog não é natação??!! Uma introdução desse tamanho pra 3 linhas sobre o que realmente interessava?!!....

Ruth Carlos disse...

Concordo com a Paloma. Gostaria de mais explicações sobre o benefício da natação para a coluna e não uma aula de anatomia e fisiologia sobre a mesma.

LUÍS EDUARDO disse...

achei muito boa a postagem professor, isso esclarece varias duvidas, corro maratona a alguns anos e venho tendo problemas com lesões.

Anônimo disse...

sim afinal qual o tipo de nado mais indicado para cada tipo de dores da coluna? muito incompleta essa matéria.

Unknown disse...

também achei muita informação técnica da fisioterapia anatomia e fisiologia...faltando aptofundar na NATAÇÃO de fato...o nado de peito é um nado perigoso em relações a lesões na coluna...principalmente que sofre com dores lombalgicas...portanto não é muito indicado para quem tem problemas na lombar pois é um nado que demanda muita força e consequentemente ocorre pressões compressoes na musculatura e principalmente nas vértebras acentuando assim a lesão...alunos reportam dores durante o treino... por isso que o nado crawl e costas são mais indicados...pois são nados de arrasto...fica a dica...abraço