Assim, durante o treinamento, algumas sessões devem ser destinadas à orientação em relação ao ritmo competitivo ideal.
A importância da manutenção de um ritmo de competição nas modalidades cíclicas de resistência esta associada principalmente à economia de energia proporcionada pela mesma.
Desta forma, àqueles que não se deixam afetar pelas condições externas (o público, a tática suicida de outros atletas, a empolgação do início da prova, etc.), saberão dosar suas energias, poupando seus estoques de glicogênio para a arrancada final.
É certo que, durante uma prova de longa duração, o ritmo de competição irá oscilar durante os vários quilômetros percorridos. Isto significa que é quase impossível manter-se um ritmo competitivo idêntico do início ao fim de uma prova.
Vários são os fatores que afetam a manutenção do ritmo competitivo, dentre eles:
- as próprias condições do percurso (com subidas e descidas);
- as condições climáticas (frio, calor, vento, umidade relativa do ar);
- o estado nutricional do atleta;
- a experiência do atleta;
- o tipo de treinamento realizado;
- fatores psicológicos (falta de confiança no plano estabelecido pelo treinador).
Quando falamos em ritmo, estamos nos referindo à velocidade média de deslocamento do atleta ao longo do percurso. Assim, o que se busca são variações mínimas no ritmo competitivo, sendo que estas variações devem ser programadas pelo atleta e seu treinador, levando-se em consideração todos os fatores acima relacionados.
Como exemplo, a velocidade não será a mesma quando se corre em local plano e subindo uma ladeira. Para que o gasto energético seja distribuído uniformemente ao longo do trajeto, devemos calcular as variações da velocidade de deslocamento em função da inclinação do terreno. Assim, o atleta estará mantendo seu desempenho, poupando sua energia.
O que determina a manutenção da velocidade média de deslocamento é o gasto energético, representado pelo consumo de oxigênio.
Desta forma, mesmo em relação a um terreno plano, o atleta que segue atrás de outro, estará economizando energia, podendo isto significar um ganho de quase dois segundos e meio a cada quilômetro. Isto significa que, se o ritmo planejado para um determinado dispêndio energético for 3min10seg / km, o atleta que segue ligeiramente atrás de outro poderá manter até 3min07,5seg / km, com o mesmo gasto de energia.
A regularidade da distribuição da velocidade média de deslocamento ao longo do percurso é uma estratégia fundamental para quem deseja obter sucesso nas provas de resistência, tática esta adota por todos os recordistas e campeões mundiais.
O Treinamento de Ritmo
O objetivo do treinamento de ritmo é habituar o atleta a realizar as sessões de treino na velocidade média da competição-alvo.
Qualquer que seja a modalidade esportiva, a velocidade da competição é o objetivo a ser perseguido em cada sessão de treino de ritmo.
Desta forma, estaremos preparando o atleta física e psicologicamente para enfrentar a intensidade real em que o mesmo estará competindo.
Existe uma preocupação fundamental em relação à técnica correta do movimento. Assim, a mecânica utilizada deverá ser a mesma da prova, pois o atleta estará exigindo o recrutamento das mesmas fibras musculares que serão utilizadas na competição.
Portanto, é de suma importância o aprendizado do gesto motor específico de cada modalidade, pois este aspecto biomecânico é decisivo para uma redução do gasto energético durante a prova.
Devido à intensidade média do esforço realizado, as sessões de teinamento de ritmo poderão enfocar diferentes aspectos da performance. Assim, para as provas mais curtas, como por exemplo corridas de 3 a 5 km ou triatlos curtos, exige-se mais da potência aeróbia máxima do atleta; já nas provas longas (maratona ou Ironman), os benefícios do treinamento incidirão sobre a resistência aeróbia.
Pelas suas características aqui expostas, o treinamento de ritmo deve ser utilizado durante a fase específica do período de preparação, duas vezes por semana.
Como constituem-se em sessões de grande desgaste psicofísico, devem ser intercaladas com treinos de menor intensidade.
Em relação às distâncias utilizadas no treinamento de ritmo para os atletas maratonistas, as mesmas devem corresponder à 2500 a 5000m, conforme o nível do atleta.
Fonte:Prof. Marcelo Augusti -Graduado em Educação Física pela ESEF, Jundiaí; Pós-graduado em Fisiologia do Exercício e Treinamento Desportivo, pela UNIFESP – Escola Paulista de Medicina;
Nenhum comentário:
Postar um comentário