ESPECIALIZAÇÃO PRECOCE NA NATAÇÃO E SEUS
EFEITOS NA IDADE ADULTA
Ao ser realizada uma entrevista semi-orientada um ex-atletas de natação de alto nível. Os resultados, pela opinião dos ex-atletas, indicaram que o treinamento de
natação em períodos de pouca idade , resultam DO inconvenientes, sendo que os principais são; rivalidade, stress, falta de tempo livre e outros. Porém, da repetiriam a experiência, pois consideram esse período da extrema importância para a sua formação geral, no que diz respeito a determinação, dedicação e superação por obstáculos.
A natação é atualmente um dos esportes mais praticados no País. Segundo pesquisas a natação ocupa o segundo lugar na preferência da população DO eixo Rio-São Paulo. Essa prática é acompanhada de um
aumento do número de academias e escolas de natação, bem como da preocupação dos pais em relação a importância dessa modalidade para o desenvolvimento. "A natação é um esporte completo", é uma das frases mais conhecidas pela população em geral.
Ao mesmo tempo que se observa um aumento do número de crianças envolvidas no processo de iniciação da aprendizagem existe um número razoável dessas crianças
que são envolvidas no processo de treinamento precoce da modalidade natação.
Entedemos como treinamento precoce como atividades esportivas realizadas por crianças
com menos de 12 anos de idade, com periodicidade superior a 3 sessões semanais, carga horária superior a 2 horas por sessão, competições freqüentes e principalmente metodologia voltada para melhoria sistemática de rendimento.
Exemplos podem ser observados principalmente nas modalidades ginástica olímpica e natação.
Ao contrário, quando observa-se, até com uma certa freqüência, aquelas crianças que praticam judo, ou mesmo natação, ballet, 2 vezes por semana, não têm a mesma sobrecarga de treinamento, e por isso, não será considerado especialização precoce, apesar
destas atividades serem realizadas por crianças com faixa etária igualou inferior a 12 anos.
Seja em congressos, simpósios ou encontros, ou mesmo na literatura da área, existe um grande conflito EM relação a idade de início do treinamento dos esportes, de uma maneira geral. Argumentos como; se a criança começar cedo ela vai se cansar cedo, ou ao contrário, quanto mais cedo ela iniciar no treinamento melhor serão os seus resultados, são duas posições antagônicas que freqüentam as discussões na área de Educação Física e Esportes.
Este pressuposto de que quanto mais cedo melhor O rendimento do aluno, começou a ser contestado no Brasil, principalmente a partir da discussão da questão dos valores subjacentes a uma prática precoce e paralelamente A introdução do conceito de Taxionomia do Desenvolvimento Motor . Esta classificação hierárquica dos movimentos realizados pelos seres humanos desde A concepção até a morte, preconiza que tanto a maturação como o ambiente são indispensáveis na aprendizagem e desenvolvimento de novas habilidades.
A Taxionomia de GALLAHUE (1982) sugere que somente a partir da aprendizagem das chamadas habilidades básicas e sua diversificação poderia ser incluída a aprendizagem de novas habilidades esportivas.
Na verdade, a questão da especialização precoce é mais complexa porque envolve além dos aspectos biológicos e ambientais, a questão do contexto sócio-cultural. Incluídos neste contexto estão representantes de vários segmentos da sociedade, como técnicos,professores e dirigentes representando o mercado de trabalho, empresas que vendem produtos relacionados ao esporte, além dos pais dos alunos que freqüentemente, projetam nos seus filhos a solução dos seus próprios anseios.
Apesar da complexidade do fenômeno é preciso buscar os melhores procedimentos, ainda que sejam de difícil aplicação prática. É preciso conhecer melhor o impacto de competições e treinamentos sobre o desenvolvimento das crianças envolvidas em atividades de especialização precoce, inclusive coletando informações daqueles que passaram por este tipo de experiência e são adultos.
A questão que se coloca por ora é; valeu a pena passar anos da infância e adolescência dentro de uma piscina?
Quais foram as conseqüências desta prática na idade ?
ESTUDOS
É indiscutível o processo crescente de especialização precoce, ocorrido a partir da década de 60. Este fato pode SER
creditado também a própria história da Educação Física e Esportes que passou a ver na competição e na vitória seus
valores mais importantes. Para exemplificar, lembramos que A Tcheca Vera Calawska, vencedora -em ginástica olímpica de
1964 e 1968, tinha 21 anos quando ganhou a sua primeira medalha. Em 1972, Olga Korbut sucedeu a theca, então com 17 anos. E, finalmente, Nadia Comaneci acabara de complementar 14 anos quando foi a grande vencedora EM 1976.
Em outro estudo da área, MALINA (1978) constatou que as médias de idade das atletas que participaram DO Mundial de 1968, nas modalidades de Ginástica e de natação foram, 17,8 anos e 16,2 anos, respectivamente. No Mundial de 1976 estas médias de idade caíram na Ginástica para 12 anos e na Natação para 13 anos. Estes resultados mostraram que houve uma queda acentuada das faixas etárias na década de 70, no que diz respeito ao pico de rendimento atlética.
A especialização esportiva precoce vem sendo cada vez mais usada por professores em clubes e escolas. Isso reflete a busca de treinadores e de instituições por mais status na sociedade e uma melhor afirmação de seus nomes. Isso por sua vez reflete a necessidade de auto-afirmação do sistema capitalista vigente.
Há quem diga que essa metodologia pode ser eficaz para descobrir novos talentos esportivos, no entanto, os danos são maiores que os benefícios. Quantos atletas talentosos e famosos temos hoje? Se nos preocupássemos em desenvolver as crianças longe de um contexto imediatista, certamente teríamos um número maior de atletas e de "talentos".
Devemos ensinar esporte para as crianças para que estas possam construir autonomia, adiquirir segurança, integrar-se socialmente, para que ela possa incorporar uma cultura de lazer com o esporte e que possa usá-lo na sua vida e se tornar uma pessoa mais saudável.
Ensinar esporte às crianças é muito mais do que apenas repetir treinamentos de pessoas adultas, é contribuir para sua formação integral: suas habilidades motoras, desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e social.
Temos que estudar cada vez mais para sabermos que muitas coisas que fazemos estão erradas e para que possamos mudá-las. Mesmo assim é preocupante saber que alguns professores sabem disso e, no entanto, preferem se render ao sistema. Nesse ponto a questão é ética.
Precisamos decidir-nos se seremos professores, na real essência da palavra, agentes transformadores de uma sociedade, ou se seremos apenas meros reprodutores de práticas ultrapassadas e prejudiciais.
FONTE PROF.Suraya Cristina Darido
fernando Kovacs Farinha
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